Fernando Thunm: o paisagismo e a humanização da arquitetura

Brava 9 de maio de 2025

Inúmeras vezes usufruímos ou passamos por espaços que geram bem-estar sem perceber que o sentimento de calma e leveza que nos toca é provocado por um paisagismo intencional. A forma como a iluminação aquece o ambiente, a escolha cuidadosa do mobiliário, as diferentes espécies de plantas combinadas, a presença da água que corre entre as folhagens sem se anunciar de forma óbvia — são alguns dos muitos elementos que fazem com que o paisagismo seja, possivelmente, uma das maiores riquezas de um empreendimento, seja ele de luxo ou não. 

“É saber dosar a estética com a funcionalidade”, explica Fernando Thunm, arquiteto paisagista natural de Porto Alegre, sobre o impacto provocado por esse tipo de intervenção, profissão que exerce há 20 anos. No paisagismo, ele se vê incumbido da “responsabilidade de deixar a arquitetura mais humana, aconchegante e agradável”, porque entende que um bom projeto tem o potencial de oferecer uma real qualidade de vida às pessoas e deixar as cidades mais belas. “E isso se reflete no dia a dia de cada um de nós”, pondera.  

A “moldura” do empreendimento

Ao planejar o projeto do Brava, o paisagista e sua equipe fizeram uma leitura arquitetônica do projeto como um todo. “É um prédio bastante diferenciado, em um bairro nobre e com uma vista sem igual. A ideia era trazer todo esse conceito limpo, aconchegante e sóbrio para o paisagismo, criando uma moldura que desse ainda mais nobreza ao prédio”, explica o arquiteto. Fernando destaca características que remetem à arquitetura uruguaia, inspiração da Colla, como o “concreto, a atemporalidade das linhas, o formato mais puro”.  

Do traçado arquitetônico, assinado pelo arquiteto José de Barros Lima, o paisagismo repete a sutileza das formas orgânicas. “Eu sempre gosto de fazer o desenho dos canteiros e das manchas de vegetação em formato curvo, por ter uma fluidez, uma delicadeza no desenho. E, nesse caso, acabou ‘casando’ com as linhas da sacada”, explica. As sacadas, aliás, destacam-se na volumetria não apenas pelo formato, como também pelas exuberantes floreiras dispostas junto às aberturas, que aproximam os moradores da vegetação, proporcionando a sensação de ter um jardim privativo dentro de casa.

Elegância e tropicalidade — é assim que o arquiteto define a vegetação escolhida para o empreendimento, tratada como uma gentileza urbana para o bairro, considerando a ausência de muros e grades de fechamento. Jasmim-gardênia, manacá-da-serra, jabuticabeira, ficus lyrata, camélia, neomarica, xanadú, zamioculca e tumbérgia arbustiva são algumas das espécies especificadas pelo profissional. O paisagismo envolve as calçadas com canteiros que se estendem até o hall de entrada, onde um jardim com espelho d'água conforma-se como um elemento de transição entre o espaço externo e o interno.

É para ele que estão voltados os ambientes da piscina, a brinquedoteca e as circulações, convidando à contemplação. Com jatos d’água verticais, a estrutura é também um convite à brincadeira para moradores de todas as idades. As crianças, especialmente, contam com um playground ao ar livre, com pequeno bosque e caminhos criativos, planejado com elementos naturais — um paisagismo que encanta, surpreende e transforma.

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