Desenhando o Futuro: A Visão Arquitetônica de José de Barros Lima
Diante de uma prancheta, no esboço de um novo projeto, José de Barros Lima vislumbra o futuro. Os próximos ciclos de vida – tanto dos usuários como da própria edificação – funcionam como uma guia mestre para as decisões técnicas e estratégicas que serão adotadas já nos primeiros traços do croqui. O pensamento é o mesmo de quando se formou, há 40 anos, na Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e está colocado em prática nas mais de uma centena de prédios que projetou somente nas duas últimas décadas à frente da ZEBL Arquitetura. “Já é uma cidade”, ele compara.

Nesta “cidade” que vem ajudando a construir, especialmente em Porto Alegre, onde o escritório está sediado, a contribuição da arquitetura para o bem-estar das pessoas e para a qualificação da paisagem urbana são prioridades. Ainda que atento às demandas atuais, seu foco está sempre no amanhã. “O próximo ciclo é o importante. Eu tenho que olhar como é o hoje e projetar o futuro”, enfatiza. As expectativas para os dez anos seguintes e as possíveis novas necessidades, dinâmicas de vida e reconfiguração da família – com eventuais novos membros, crianças ou idosos – são questões essenciais consideradas por José no planejamento dos projetos.
No caso dos empreendimentos e do impacto deles no entorno imediato, José adiciona preocupações como gentilezas urbanas, qualidade dos materiais utilizados e tratamento das fachadas. “Eu sempre enfatizo que um edifício não é só frente. Os fundos dele serão frente para alguém”, explica, referindo-se aos moradores dos prédios vizinhos e justificando a relação de harmonia entre frente e fundos que ele persegue em seus projetos.

Brava: Onde a natureza encontra a arquitetura
O empreendimento Brava representou um desafio instigante para José de Barros Lima. Apesar da antiga relação com a empresa, para a qual já projetou diversos empreendimentos, este lançamento expressa um novo conceito: o alto padrão adotado pela incorporadora nos últimos anos, sob a inspiração da estética refinada da arquitetura uruguaia, com valorização dos materiais naturais e integração com a paisagem.
Assumidamente cartesiano, admirador dos traços retos e dos planos ortogonais, o arquiteto incorporou as linhas curvas no desenho das sacadas, com o propósito de suavizar a imponente estrutura. A curvatura e a variação de ângulos das lajes em concreto aparente são soluções que conferem um aspecto autêntico ao volume, proporcionando “movimentos diferentes de um andar para o outro”. Conforme a incidência da luz solar, as sombras geradas serão distintas e vão garantir um ritmo singular à edificação. “Cada varanda vai ser diferente da outra”, resume o arquiteto. O fechamento do guarda-corpo em vidro arredondado e as esquadrias piso-teto contribuem para a sensação de leveza e de transparência pretendida.

Essa mesma sensação é potencializada a partir da solução de implantação do empreendimento. “O prédio está superintegrado à paisagem”, destaca José de Barros Lima. Considerando a topografia do lote, de acentuado declive, o embasamento da edificação foi planejado com cuidado, com paisagismo exuberante em primeiro plano e sem barreiras. A ausência de muros ou gradil de fechamento é uma decisão em favor da transparência, o que proporciona maior área de recuo, valoriza o paisagismo e a integração do projeto com a cidade, promovendo uma gentileza urbana.
“O ponto focal é a natureza”, reforça o arquiteto.
O paisagismo protagoniza os visuais dos espaços de lazer e convivência, implantados em níveis, acompanhando a inclinação do terreno. Reforçando a importância da integração dos espaços internos e externos, uma extensa varanda foi planejada para o salão de festas. Neste pavimento de lazer, o jardim é o elemento de ligação entre os ambientes, podendo ser integrado ou isolado do salão de festas, conforme a ocasião.
Nos apartamentos, a sensação de amplitude, transparência e leveza é reforçada. Com plantas flexíveis, em unidades de 265,23 metros quadrados, as esquadrias do tipo piso-teto proporcionam luminosidade, ventilação natural e integração visual com a natureza do entorno. Do total de 29 apartamentos, dois são apartamentos garden, localizados no terceiro pavimento, que contam com o adicional de espaços ao ar livre integrados ao living e aos dormitórios — um com 85 m² e outro com 136 m² de área externa. A cobertura do Brava, no 17º pavimento, é reservada para uma penthouse com 586,61 m² de área privativa, com pátio e piscina. “O espaço é totalmente exclusivo e ainda terá uma vista espetacular da cidade”, complementa o arquiteto.