Fachadas: um convite para viver uma experiência

Muito se fala sobre não se escolher um livro pela capa, mas não é segredo algum que as camadas exteriores dos objetos afetam os nossos sentidos e despertam desejo. Livros excelentes, na maior parte das vezes, são acompanhados de capas de igual valor. A fachada de um objeto revela qualidades de sua essência e, de certa forma, conversa com algo de muito privado de cada pessoa que o contempla – com o desejo de quem já somos e de quem gostaríamos de vir a ser. Possuir um objeto que desperta o afeto é uma forma de nos aproximarmos de nós mesmos.

Em todos os seus empreendimentos, a Colla busca expressar seus valores, sua essência e o alinhamento entre esses aspectos subjetivos e suas manifestações no mundo material. As texturas, os elementos naturais, a leveza das linhas, a amplitude das grandes aberturas e a integração às paisagens urbana e natural, todas essas características buscam traduzir o requinte e a simplicidade elegante que conversam com os valores da construtora. 

A experiência que se busca ao projetar a fachada de um empreendimento da Colla é similar ao de desenhar a capa para um livro em que os valores da serenidade, da elegância e sofisticação são elementos-chave da história ali contada. A fachada é mais do que uma capa, é um convite, ela conta a história juntamente com o interior de uma edificação, e ainda conversa com o espaço onde está inserida.

Pensando no conceito de gentileza urbana, uma fachada que eleva e interage com os valores de uma região, por exemplo, compondo harmonicamente com o que já existe e oferecendo melhorias onde couber, é muito mais desejável do que uma que destoa, em estética e em proposta, das edificações e paisagem natural vizinhas. “O ponto focal é a natureza”, explica o arquiteto José de Barros Lima, que colabora com a Colla. A intenção é integrar o prédio à paisagem, pensar na fachada não como um exterior que separa o empreendimento do que o rodeia, mas o envolvendo na topografia, num paisagismo exuberante, valorizando a continuidade com o que há de melhor em volta. Nesse sentido, é essencial buscar materiais naturais que já existem na paisagem onde o empreendimento será construído e considerar de que forma ele enriquecerá a região com uma estética que ao mesmo tempo possui uma identidade marcante e se integre com gentileza aos seus arredores.

E é importante que a fachada de uma edificação contemple também a questão da temporalidade, pensando nos ciclos de vida da construção em si, mas também daqueles que ocuparão os espaços nas configurações atuais e futuras. José de Barros Lima afirma que “o próximo ciclo é o importante. Eu tenho que olhar como é o hoje e projetar o futuro”. Para ele, é essencial ter em mente a maneira com que a fachada conversará com o que está por vir, e quem são as pessoas que usufruirão dos espaços – crianças, idosos e os ciclos que se desencadeiam entre esses dois.

Os arquitetos Carolina Flach Souza Pinto e Guilherme Moraes Silva, ambos da OSPA Arquitetura e Urbanismo, sendo Carolina uma das sócias-fundadoras, reiteram o papel da fachada como uma promessa de que os valores que se veem de fora estarão também dentro. “O acesso ao edifício é uma experiência que antecipa o que está por vir”, eles explicam, e chamam atenção para o que se intenciona na transição entre o exterior e o interior, que ele seja “um convite para explorar e vivenciar o edifício”. 

A fachada, sob essa ótica, se beneficia de ser ao mesmo tempo marcante e discreta, ou seja, ela tem assim o potencial de provocar os sentidos sem destoar, evocando valores particulares à edificação e ainda assim trabalhando numa continuidade arquitetônica que eleva a paisagem urbana. Assim a arquitetura de fachada será, de fato, como a capa de um livro que suscita, em quem passar por ele, o desejo de viver a experiência ali contida.