A linguagem falada nem sempre é capaz de expressar o que acontece no mundo das formas. No encontro com o objeto de arte, é comum “ficar sem palavras”; a arte contorna as tendências racionais da organização da fala. Quando alguém se posta diante de uma escultura do artista gaúcho Hidalgo Adams, da série “Abraços”, por exemplo, é possível que se enxergue um abraço mesmo, um enlace entre dois corpos, ou a sugestão de um entrelaçamento que acontece em meio a um movimento. Em um museu, protegida do toque dos apreciadores, uma obra de arte é uma experiência visual e emocional. As esculturas em pedra de Hidalgo Adams, por outro lado, se colocam como objetos visuais e sensoriais, pois estão inseridas nas praças, nos empreendimentos e nas coleções privadas de arte – elas estão próximas e convidam ao toque.
A Colla vem apostando, em seus empreendimentos, na associação da arquitetura – que por si só já é um compromisso com a forma – com a arte, e o artista Hidalgo Adams vem contribuindo com suas peças desde 2016. A inserção da arte nas fachadas dos edifícios, assim como nas áreas mais reservadas de convivência de um condomínio, por exemplo, contribuem para o que veio a se chamar de gentileza urbana, uma abordagem que contempla tanto as medidas mais funcionais, como passagens largas e um paisagismo rico, quanto as mais estéticas, que agradam o olhar.
A obra mais recente produzida por Hidalgo para a Colla é a “Utopia”, instalada em frente ao empreendimento Faria Santos, no bairro Petrópolis. Trata-se de uma escultura criada no conceito facetas em basalto negro, com dimensões de 105 x 32 x 25 cm.
Hidalgo Adams é um escultor renomado e premiado cujas obras podem ser encontradas em coleções privadas, dentro de empreendimentos e também ornando praças públicas, como é o caso da escultura “Símbolo da Luta contra a Violência no Trânsito”, que fica na Praça da Juventude Thiago de Moraes, em Porto Alegre; e da “Um Abraço ao Meu Cerro”, localizada em Cerro Largo, a cidade natal do artista, no Rio Grande do Sul.
Da arte figurativa à estética minimalista
A história do escultor com as formas começou cedo, em 1970, aos oito anos. Em uma aula de educação artística, Hidalgo teve seu primeiro contato com um jogo de formões, que a professora encomendou de um ferreiro, e algumas tábuas de cedro. Demonstrando já alguma destreza, Hidalgo fez o que a professora orientou, o início de uma bandeja e, terminando o seu trabalho, passou a ajudar os colegas. O escultor conta que logo pediu formões ao pai e pedaços de madeira a um marceneiro. Assim, começou a sua trajetória. Teve um pequeno ateliê em casa enquanto ainda morava com os pais e, quando serviu na Base Aérea de Santa Maria, levou seu material de trabalho e seguiu fazendo seus entalhes nos fins de semana.
Quando se mudou para Porto Alegre, onde ainda tem o seu ateliê, trabalhou com o celebrado escultor Guma que, como diz o artista, tratou-o como um filho. “Com ele, iniciei os primeiros trabalhos em toras de madeira, e então eu parti do entalhe para a escultura em si, tridimensional”, revela. Hidalgo explica que no início de sua carreira, antes de 1986, suas esculturas eram principalmente figurativas. A partir dessa data, seu trabalho foi ficando cada vez mais abstrato e minimalista. E com uma escultura “bem minimalista”, como ele diz, foi premiado no 15º Salão do Jovem Artista da RBS, neste mesmo ano, que também marca a sua primeira exposição coletiva. “Eu trago até hoje essa forma de expressar o meu pensamento, que é o ‘menos é mais’, então a gente tem que fazer o menos com qualidade e ele acaba tendo um resultado excepcional”, Hidalgo explica.
Entre as obras, destaque para a Facetas e a Expansão, cada uma com uma visão artística específica que visa explorar o movimento, no caso do Abraço; da pesquisa minimalista, que é a Expansão; e dos cortes em “V”, com as Facetas. As esculturas de Hidalgo, que há quarenta anos começaram na madeira, hoje são feitas em pedras – mármore, basalto, granito, quartzo e ágata são algumas delas. São esculturas de grande porte, que impactam e emocionam.
Sobre a crescente valorização do mercado da arte por parte das construtoras, Hidalgo destaca que o benefício é visível: as obras valorizam os empreendimentos e também contribuem para a experiência estética das pessoas que usufruem desses espaços. Com grande satisfação, o artista relata que se comove sempre que investidores que moram em empreendimentos que abrigam suas obras relatam a alegria que sentem com a presença de uma escultura sua. A respeito de suas colaborações com a Colla, Hidalgo destaca que “é um prestígio constante” fazer parte desse gesto de valorizar a presença da arte nos empreendimentos.